quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Biotecnologia. 1. Resistência de insetos ao Bt.


Manejo de Resistência de Insetos ao Algodão B.t.
Publicado na revista Seed News, 2009.

A resistência de insetos aos inseticidas é uma característica pré-adaptativa, ou seja, os indivíduos resistentes a um determinado ingrediente ativo já existem na natureza em baixíssimas frequencias.

O uso continuado do mesmo ingrediente ativo leva a seleção dos biótipos resistentes, permitindo a multiplicação dos indivíduos sobreviventes portanto resistentes, até o momento em que a maioria da população sobrevive ao inseticida, que perde seu efeito, até que seja recomposta a susceptibilidade da população.

O algodão Bollgard® (B.t) teve inserido em seu genoma o gene cry1Ac oriundo da bactéria de solo Bacillus thuringiensis, e codifica a expressão da proteína Cry1Ac de ação inseticida. Essa proteína sintetizada nos tecidos dos cultivares de algodão B.t. vem sendo utilizada na agricultura convencional e orgânica sob a forma de formulações microbianas pulverizadas sobre os cultivos a mais de 40 anos, sem o aparecimento de lagartas resistentes a esta ou outras proteínas Cry. Entretanto, nos produtos formulados com esporos de Bacillus thuringiensis encontram-se uma grande diversidade de proteínas, o que dificulta o processo de resistência.

A preocupação com a resistência de insetos aos inseticidas se intensificou nos últimos anos, principalmente pelos relatos de vários casos de insetos resistentes a inseticidas químicos de diversos modos-de-ação. O Comitê Brasileiro de Ação a Resistência a Inseticidas (IRAC – BR) é composto por pesquisadores da indústria e é apoiado pela comunidade científica. Esse comitê tem a missão de implementar ações que garantam a manutenção da eficácia de inseticidas e acaricidas como opções viáveis de controle fitossanitário. Sabe-se que resistência a inseticidas é um fenômeno natural e pré-adaptativo. Na natureza existem insetos que possuem genes de resistência aos princípios ativos inseticidas, embora em baixíssimas freqüências. Isso acontece pela imensa variabilidade genética presente nas populações de insetos. Com o objetivo de impedir que insetos resistentes a inseticidas, existentes na população, possam reproduzir-se e aumentar sua freqüência na lavoura, é necessário adotar práticas preventivas, conhecidas como Manejo de Resistência de Insetos (MRI), visando retardar ou mesmo impedir o aparecimento de insetos resistentes a um determinado ingrediente ativo.

Como condicionante da aprovação comercial do algodão B.t. no Brasil, a CTNBio preconizou a adoção de áreas de refúgio com algodão convencional como componente do planto de MRI visando à longevidade da eficácia de controle, a exemplo de outros países que plantam estes cultivares há mais de 10 anos e até o momento não identificaram a campo populações resistentes à proteína Cry1Ac.
A Monsanto do Brasil Ltda., ao protocolar o pedido de liberação comercial do algodão B.t. na CTNBio, apresentou também um plano de MRI que inclui, dentre outras práticas, o estabelecimento de áreas de refúgio estruturado.

Os procedimentos de MRI envolvem o uso de sementes certificadas com elevada expressão da proteína Cry1Ac; o monitoramento da eficácia da tecnologia B.t. para o controle das lagartas-alvo (curuquerê, lagarta-das-maçãs e lagarta-rosada) através da avaliação da flutuação populacional destes insetos seguindo os parâmetros do Manejo Integrado de Pragas (MIP); o controle das pragas não-alvo do algodão B.t. através do método adequado sempre que as populações atinjam o nível de dano econômico; e a instalação de áreas de refúgio com cultivares convencionais.

O plantio de áreas de refúgio é a principal estratégia para evitar o aparecimento de populações de insetos resistentes à proteína Cry1Ac expressa no algodão B.t. e consiste no plantio de algodão convencional (não Bt) na proporção de 20% do total da área plantada com o algodão B.t., na distância máxima de 800 metros entre os dois cultivares. As áreas de refúgio deverão ser conduzidas da mesma forma que um cultivar convencional e o método de controle de insetos deverá ser implementado sempre que a população das pragas atingirem o nível de dano econômico.
O objetivo das áreas de refúgio é permitir a multiplicação de insetos susceptíveis à proteína Cry1Ac do algodão B.t., aumentando sua proporção no ambiente e possibilitando que as mariposas susceptíveis cruzem com as mariposas resistentes, resultando em descendentes susceptíveis, diminuindo a chance de evolução da resistência.

Bem vindos.

Neste primeiro post, gostaria de dar as boas vindas a todos aqueles que se dispuseram a acompanhar este blog.

No decorrer do tempo publicarei informações relacionadas a agricultura, principalmente sobre agroquímicos e biotecnologia.

Espero que as publicações sejam úteis.
Fiquem livres para comentar os posts.

Obrigado,

Fabiano Ferreira Agro